Ricardo Marques

A fusão política histórica do grupo Flávio Dino com o grupo Sarney: O sarnodinismo se configura a cada ato

Publicado: 02/03/2022 11:30 - Atualizado em 02/03/2022 14:53 - 0 comentário


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POR PAULO ROMÃO

A ideia predominante que venceu as eleições estaduais de 2014, em que elegemos o Flávio Dino governador do Maranhão, não existe mais.

Repito que a ideia venceu a eleição de 2014, em razão de estarmos apoiando frações sarneystas que romperam há mais tempo, e não propriamente, uma nova força política no estado.

As rupturas intestinais da política maranhense que originam novos grupos políticos ganha seu capítulo mais dramático até aqui.

A eminente ascensão política do tucano Carlos Brandão à condição de governador do Maranhão a partir de abril de 2022, é um movimento de transição política conservadora que reoxigena velhas elites políticas, redistribuindo seus pesos políticos.

A constatação pública precisa ser externada, analisada e interpretada à luz dos atos, fatos, gestos e tudo o mais; é um dever de cidadania para a sociedade maranhense.

As promessas retóricas de mudar a triste realidade histórica do Maranhão deu lugar a um projeto conservador que hoje governa o Estado com mãos de ferro, sufocando divergências políticas e impondo todo o rolo compressor da máquina estatal contra ex-aliados e num processo contínuo de fusão política com o grupo político acusado por Flávio Dono de ser a encarnação do mal nestes trópicos, o grupo Sarney.

O sarnodinismo se configura a cada ato político.

Os governistas agora aparecem na TV Mirante como ofício de governo, o governador ganhou até o  Troféu  Mirante Esporte, e assegurou sua cadeira de herança na Academia Maranhense de Letras, pela aproximação política que se batiza aqui carinhosamente de ‘sarnodinismo’.

O deputado estadual Adriano Sarney (PV), agora é da base aliada do governo na Assembleia, o MDB, presidido pela ex-governadora Roseana agora é base aliada e sem nunca ter feito um dia de oposição ao governo.

O empresariado sarnodinista vibra com as generosas isenções tributárias do governo Flávio Dino e já declara apoio entusiasmado a Carlos Brandão.

A relação nada republicana entre membros do governo Flávio Dino e “o bilionário do estado mais pobre da federação” é tão boa  que comentam-se que teve até empréstimo de um jatinho particular do nosso representante maranhense na Forbes, para um deputado estadual governista, para sua lua de mel no exterior.

Recentemente, até o poder judiciário maranhense, na figura de Nelma Sarney, decide em favor dos interesses governistas nas pautas legislativas internas da ALEMA.

A partir de abril de 2022, o vice-governador Carlos Brandão assume o governo do Maranhão e o processo de fusão política entre dinistas e sarneistas estará completo.

O sarnodinismo nasce como força política majoritária com a tarefa histórica de retomada do estado para as mãos do grupo político acusado de ser o maior causador da pobreza extrema em que o Maranhão agoniza historicamente.

Não sou daqueles que se escandaliza com afastamentos ou aproximações políticas.

Nos últimos anos fui aliado deste grupo que hoje se funde com o que nós do PT já nos aliamos em 2010.

A bem da verdade, o PCdoB foi o primeiro partido de esquerda maranhense que dialogou com o grupo Sarney.

O problema não é se aliar em si, é a tentativa de esconder da sociedade os interesses que os unem nesta quadra histórica.

Alguns discursos perdem sentido, força e validade histórica. A disputa pela paternidade ou maternidade dos péssimos números da miséria que cerca a vida do maranhense ganha estatura comum.

Desde 1985 o Maranhão mantém o pior PIB per capita de todos os Estados brasileiros.

Parte significativa da esquerda maranhense está tão inebriada pela propaganda governamental que nem questiona mais o retrógrado sistema oligárquico que alimenta os bolsões da miséria histórica.

Não sei se o projeto de poder sarnodinista é para os próximos 50 anos de mandato político, mas o desejo de perpetuação política está no horizonte, em cada ato.

Qualquer método de aferição de desenvolvimento humano sempre reserva os últimos lugares para o Maranhão e isso já não é mais tão fundamental.

Apontar fracassos administrativos é cometer heresia. O espírito crítico segue sendo um forte adversário.

*Sociólogo, pré-candidato ao Senado Federal pelo PT/MA

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