Ricardo Marques

Maranhão: pobreza, desafios e superação.

Publicado: 26/12/2022 13:10 - 0 comentário


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POR AZIZ SANTOS

Tendo como fonte o IBGE, a Folha de São Paulo analisou recentemente publicação do Instituto sobre a pobreza no Brasil, mostrando que, no Maranhão, ela vem aumentando gradativamente com o passar dos anos, até chegar neste patamar fatídico de 2020, em que o estado concentra 24 dos 25 municípios mais pobres do Brasil.

A reportagem esclarece que, em 2019, eram 22 municípios maranhenses entre os 25 mais pobres do Brasil; que, em 2018, eram 18, e em 2017, 14 municípios.

O deputado Yglésio Moyses, de mandato renovado, repercute notícia da Folha de São Paulo no plenário da Assembleia, destacando que “é a primeira vez que um estado concentra dessa maneira o final do ranking da distribuição de riqueza do País”.

Disse ainda o deputado que “isto significa que em três anos, colocamos mais 10 cidades maranhenses na lista da pobreza” e conclui a sua fala dizendo que tais dados servem de alerta ao Governo do Estado sobre a necessidade de estabelecer políticas públicas para a população desses municípios” e que “confia no governador Brandão para transformar essas estatísticas”.

Por sua vez, o jornalista Álvaro Fagundes, faz publicação, dias atrás, no blog Passando a Limpo, com o título “Herança Flávio Dino: dos 25 municípios mais pobres, só um não está no Maranhão”, o que deve ter incomodado o ex-governador menos pelo título da postagem do que pelo fato em si. 

Este é o desafio principal do governo eleito para gerir os destinos do estado no período de 2023 a 2026. Há tempos, vimos mostrando que a questão não está nas pessoas, nem na vontade dos governantes para mudar esse vergonhoso quadro, mas sim no modelo de desenvolvimento que perdura ao longo dos anos em nossa terra.

Acredito que todos os governantes querem o melhor para a população que lhes concedeu os mandatos. Então, porque os nossos índices de pobreza ao invés de diminuírem, aumentam?

Porque a aposta é sempre nos grandes projetos. Apostou-se na Alumar, tempos atrás, e, de modo especial, no Projeto Carajás, da Vale. Mesmo com eles, a pobreza piora. Mais recentemente, no complexo industrial portuário do Itaqui, que comemora dia sim dia não novos títulos e premiações. O Porto cresce e a população empobrece. Por que isso?

Agora, a bola da vez é o Centro de Lançamento de Alcântara. Fala-se diariamente em bilhões e bilhões de dólares que chegarão ao Maranhão. Quando? Estamos destinados a sermos operadores de máquinas se não compreendermos a mecânica do lançamento de foguetes, o que só é possível com uma extensa e sólida capacitação de nossa mão-de-obra.

No Sul do Maranhão, tomado por grandes empreendimentos de soja, Balsas desponta como o município brasileiro que mais desmatou o Cerrado nos últimos anos, no que é acompanhado por Grajaú, Caxias e Aldeias Altas. A soja agora invade os municípios do Baixo Parnaíba, arrasando as terras destinadas à agricultura familiar e à criação de pequenos animais, não obstante o Zoneamento Econômico Ecológico. A serviço de quem está a lei do ZEE?

De uma vez por todas, é preciso compreender que os grandes projetos não se movem por si mesmos na direção do combate à pobreza. Não nasceram para isso. Sem dúvida, são importantes e necessários, mas se constituíram para lucrarem, essa é a regra do capital.

Qual a solução: salta aos olhos que a questão está no desenvolvimento local, nas potencialidades de cada região. Enquanto insistirmos num planejamento verticalizado, do centro para a periferia, tendemos a ficar na mesma, estagnados nos mesmos nós e entraves que atrasaram o Maranhão por décadas.  Os olhos do governo precisam voltar-se para as realidades regionais, cultivar a práxis de ouvir as suas demandas, oferecendo-lhes o orçamento regionalizado.  

Sim, é preciso coragem para essa disruptura.

*Economista, ex-secretário de Estado do Planejamento do Maranhão

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