Ricardo Marques

Escola digna, porém nem tanto

Publicado 30/01/2023 09:44:43 0 comentário


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POR ABDELAZIZ SANTOS

Vejamos os dados oficiais do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação sobre dados da educação do Maranhão relativamente ao ensino médio (2014-2020), de responsabilidade do Estado:

ESCOLAS:

Total de escolas: 1.094 em 2014; 1.058 em 2020;

Funcionários em todas as escolas: 37379, em 2014; 8373, em 2020;

Comentários: Chama a atenção que o número de escolas estaduais diminuiu, o que indica que o governo priorizou a reforma de escolas já existentes; Impressiona o enorme déficit de funcionários escolares (técnicos, secretárias, supervisores, etc);

MATRÍCULAS:

Número de matrículas: 278.712 em 2014; 256.434 em 2020;

Educação de jovens e adultos: 28.663 em 2014; 37.314, em 2020;

Educação especial: 475, em 2014; 5.292 em 2020.

Comentários: a educação de jovens e adultos tem crescido nos últimos anos, o que indica a transferência de estudantes do ensino médio regular com distorção idade-série.

SERVIÇOS:

Água via rede pública: 54% das escolas em 2014; 55% em2020;

Energia via rede pública: 95% das escolas em 2014; 97% em 2020;

Esgoto via rede pública: 13% das escolas em 2014; 18% em 2020;

Coleta de lixo periódica: 55% das escolas emw2014; 58% em 2020.

Comentários: as escolas estaduais estão estagnadas quanto aos principais serviços, apresentando percentuais iguais ou similares ao longo dos anos; a coleta de esgoto apresentou pequena evolução, de 13 para 18% das escolas estaduais; impressiona que 45% das escolas ainda não tenham água tratada via rede pública ou que 42% delas não tenham coleta de lixo regular.

DEPENDÊNCIAS:

Biblioteca: 39% das escolas; 41% em 2020;

Cozinha: 79% das escolas em 2014; 80% em 2020;

Laboratório de informática: 55% das escolas em 2014; 38% em 2020;

Laboratório de ciências: 18% das escolas em 2014; 18% em 2020;

Quadras de esportes: 25% das escolas em 2014; 27% em 2020;

Sala para leitura: 11% das escolas em 2014; 11% em 2020;

Sanitários dentro dos prédios: 79% das escolas em 2014; 83& em 2020;

Sanitários fora dos prédios das escolas: 6 em 2014; 0 em 2020.

Comentários: as escolas estaduais de modo geral só evoluíram em relação a um único item: eliminaram os sanitários fora do prédio escolar; em relação às dependências básicas estão estagnadas; chama a atenção, por exemplo, que 62% das escolas não têm laboratório de informática, 82% não têm laboratório de ciências, 73% não têm quadras esportivas, 59% não possuem bibliotecas. 

TECNOLOGIA:

Internet: 53% das escolas em 2014; 56% em 2020;

Banda larga:45% das escolas em 2014; 48% em 2020;

Computadores para uso dos alunos: 7075 em 2014; 270.610 em 2020;

Computadores para uso administrativo: 1.397 em 2014; 577 em 2020.

Comentários: o quadro de equipamentos poderia ser compensado pelo acesso à internet; contudo,  não houve evolução expressiva nesse sentido; 44% das escolas estaduais não possuem internet e 52% não têm banda larga; o número de computadores surpreende ao contradizer o quantitativo de laboratórios de informática (38%), existem mais computadores nas escolas estaduais (270 mil) que estudantes matriculados (256 mil); não há registro de programa estadual de distribuição de computadores aos estudantes, por isso, esse número deve ser visto com reserva, pode se tratar de erro da SEDUC na informação enviada ao Censo Escolar; também é possível que a pandemia deve ter estimulado a compra de computadores para essas escolas ou estudantes.

NÍVEL DE PROFICIÊNCIA:

Português:

Proficiente: 11% em 2015; 18% em 2019;

Básico: 30% em 2015; 33% em 2019;

Insuficiente: 58% em 2015; 49% em 2019;

Matemática:

Proficiente: 84% em 2015; 72% em 2019;

Básico: 16% em 2015; 26% em 2019;

Insuficiente: 84% em 2015; 72% em 2019.

Comentários: melhoramos nos níveis proficiente e básico de Português e no nível básico de Matemática (melhora razoável em Matemática e muito pequena em português). Apesar disso, o fato é que quase a metade dos estudantes tem nível insuficiente de aprendizagem em Português e 72% nível insuficiente de aprendizagem em Matemática.

AGORA, OS DADOS MAIS IMPORTANTES: IDEB do Ensino Médio:

Ideb alcançado: 2,8 em 2013; 3,7 em 2019. Meta que deveria ter sido alcançada 6, em2019. Consultando os dados de 2021, vê-se que o índice caiu de 3,7 (2019) para 3,5 (2021). 23º lugar entre as 27 unidades federativas e 6º entre os 9 estados do nordeste.

Comentários: o Maranhão tem evoluído de forma bastante lenta no indicador de qualidade no ensino médio. O Governo Jackson Lago foi o único a alcançar as metas do IDEB até o presente momento (2,8 em 2007, chegou a 3 em 2009, quando a meta a ser alcançada era 2,6). Demoramos 8 anos para sair de 2,8 para 3,5, ou seja, aumento de 0,7. Nesse ritmo a meta de 6,0 só será alcançada em 2053!

CONCLUSÃO: da análise de todos esses dados, vê-se que infelizmente a escola digna do Governo Flávio Dino está em xeque, não obstante a intensa e massiva propaganda dia e noite que fizeram do programa. Na verdade, a maior constatação de tudo isso é que falharam no pedagógico, coração da qualidade do ensino e fizeram algumas escolas de mostrar (IEMAs), para inglês ver, pois a maioria permanece precária.

Quem sabe o Governo Brandão possa pensar numa ESCOLA PLENA, onde caiba a infraestrutura escolar e o processo pedagógico bem orientado.

*Economista, ex-secretário de Planejamento do Maranhão

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