Ricardo Marques

Dia 31 de maio, dia Mundial sem Tabaco

Por: Opinião | Publicado: 03/06/2024 08:22 - 0 comentário


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POR RUY PALHANO 

O Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) destinada a conscientizar a população sobre os riscos associados ao uso do tabaco e promover políticas eficazes para reduzir o consumo. O tabaco é a principal causa evitável de mortes em todo o mundo, responsável por milhões de óbitos anuais devido a doenças relacionadas ao seu uso. Este dia serve como um lembrete crucial da necessidade de continuar os esforços para combater essa epidemia global.

Um marco fundamental no controle do tabagismo é a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da OMS, adotada em 2003 e ratificada por mais de 180 países, incluindo o Brasil. Este tratado internacional visa reduzir a demanda e a oferta de produtos de tabaco por meio de diversas estratégias, como a elevação de impostos, regulamentação da publicidade, promoção de ambientes livres de fumo e apoio à cessação. A implementação efetiva da CQCT tem sido fundamental para a redução das taxas de tabagismo e a mitigação dos impactos na saúde pública em todo o mundo.

No Brasil, temos 20 milhões de pessoas são dependentes de nicotina e 1 bilhão e 300 mil pessoas no mundo. O Brasil também reconhecido como um país exitoso em suas políticas de controle do tabagismo, tem-se visto uma redução significativa na prevalência do uso de tabaco ao longo das últimas décadas. Desde 2020, os dados epidemiológicos mostram que a prevalência de fumantes entre adultos tem se mantido em torno de 9,8%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Apesar de ser uma das taxas mais baixas da América Latina, o número absoluto de fumantes ainda é preocupante, considerando a vasta população do país.

O tabagismo é responsável por cerca de 13% de todas as mortes de adultos no Brasil. Anualmente, estima-se que aproximadamente 156 mil brasileiros morram em decorrência de doenças relacionadas ao tabaco, como câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas. Desde 2020, esses números mantiveram-se relativamente estáveis, refletindo a necessidade contínua de medidas preventivas e de cessação do tabagismo.

A dependência do tabaco entre adolescentes é um problema crescente no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) indicam que, desde 2020, cerca de 6,6% dos adolescentes entre 13 e 17 anos relataram ter experimentado cigarro pelo menos uma vez. A introdução precoce ao tabagismo aumenta o risco de dependência e a probabilidade de continuar fumando na vida adulta, destacando a importância de intervenções precoces e programas educativos.

Globalmente, o tabaco continua sendo um desafio de saúde pública significativo. A OMS estima que cerca de 1,3 bilhão de pessoas sejam fumantes, com uma prevalência particularmente alta em países de baixa e média renda. Desde 2020, a pandemia de COVID-19 trouxe novos desafios e oportunidades para o controle do tabaco, com evidências sugerindo que fumantes podem ter maior risco de desenvolver formas graves da doença.

O tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais em todo o mundo, das quais cerca de 7 milhões são decorrentes do uso direto do tabaco e cerca de 1,2 milhão resultam da exposição ao fumo passivo. Desde 2020, esses números permaneceram alarmantes, destacando a necessidade urgente de intervenções mais eficazes e abrangentes para reduzir o consumo de tabaco globalmente.

Dia Mundial sem Tabaco é uma oportunidade vital para refletir sobre os avanços e desafios no combate ao tabagismo. Embora tenha havido progresso significativo, tanto no Brasil quanto no mundo, os dados de mortalidade e prevalência indicam que o trabalho está longe de ser concluído. Políticas robustas de controle do tabaco, campanhas de conscientização e apoio à cessação são essenciais para continuar a reduzir o impacto devastador do tabaco na saúde pública.

O consumo de cigarros eletrônicos, também conhecidos como e-cigarettes ou vapes, tem crescido significativamente nos últimos anos, especialmente entre os jovens. Embora sejam frequentemente promovidos como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro tradicional, os cigarros eletrônicos não são isentos de riscos. Eles contêm uma variedade de substâncias químicas nocivas, incluindo nicotina, propilenoglicol, glicerina e flavorizantes que, quando aquecidos, podem formar compostos tóxicos. Esses componentes podem causar danos aos pulmões e ao sistema cardiovascular.

Estudos indicam que a nicotina presente nos cigarros eletrônicos é altamente viciante e pode afetar o desenvolvimento cerebral em adolescentes, levando a problemas de aprendizagem, atenção e controle de impulsos. Além disso, o uso de cigarros eletrônicos pode servir como uma porta de entrada para o consumo de outros produtos de tabaco, o que contradiz a alegação de que eles ajudam na cessação do tabagismo.

A OMS e outras autoridades de saúde pública têm expressado preocupações sobre o aumento do uso desses dispositivos, especialmente devido ao seu apelo entre adolescentes e jovens adultos. Campanhas de marketing direcionadas, o uso de flavorizantes atraentes e a percepção errônea de que são seguros contribuem para a popularidade dos cigarros eletrônicos entre os jovens. Isso é alarmante, pois pode reverter os progressos alcançados na redução das taxas de tabagismo.

Diversos países estão começando a implementar regulamentações mais rigorosas sobre a venda e o uso de cigarros eletrônicos, visando proteger os jovens e reduzir os riscos à saúde pública. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a comercialização, a importação e a propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, incluindo os cigarros eletrônicos, mas o uso ainda é uma preocupação crescente.

Portanto, é crucial que medidas educativas e políticas rigorosas sejam adotadas para controlar o uso de cigarros eletrônicos e proteger a saúde das gerações futuras. A conscientização sobre os riscos associados a esses dispositivos deve ser intensificada, e a vigilância contínua sobre sua utilização é essencial para evitar um retrocesso nos avanços de controle do tabagismo.

*Médico Psiquiatra, Escritor, Membro Efetivo da Academia Caxiense de Letras (ACL) e Dr. Honoris Causa pela Emil Brunner World Universit -EBWU. Flórida - EUA



Fonte: Opinião

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