Hoje na Coluna recomendo três filmes estrelados por Charles Bronson na década de 70, quando ele fez alguns de seus melhores trabalhos no cinema
POR CARLOS LEEN SANTIAGO
Charles Bronson é um daqueles nomes que o cinema eternizou com um carimbo peculiar: o justiceiro solitário.
Sua trajetória foi curiosa, quase contraditória. Nos anos 1960, com papéis memoráveis em clássicos como Era Uma Vez no Oeste, ele se tornou um fenômeno internacional só na década de 1980, graças à popularidade explosiva de seus filmes nas videolocadoras.
Mas, para mim, o auge artístico de Bronson está nos anos 1970. Foi ali que ele entregou algumas das suas performances mais marcantes. Curiosamente, nessa época, enquanto brilhava na Europa e na Ásia, era visto nos Estados Unidos – seu país natal – como um ator ultrapassado e canastrão.
Isso começou a mudar em 1974, quando, aos 53 anos, ele encarnou Paul Kersey no polêmico Desejo de Matar.
O filme foi um sucesso de bilheteria, mas a crítica caiu matando. Acusado de fazer apologia à violência, foi tão atacado que o produtor Dino De Laurentiis decidiu não fazer uma continuação. Porém, na década seguinte, o videocassete se tornou febre, e Desejo de Matar virou uma joia redescoberta pelos fãs de ação nas prateleiras das videolocadoras.
Esse renascimento chamou a atenção da dupla israelense Menahem Golan e Yoram Globus, da Cannon Films. Eles adquiriram os direitos da franquia e transformaram Desejo de Matar em uma série de cinco filmes. O último, lançado em 1994, marcou a despedida de Bronson do cinema.
Mesmo assim, o melhor de Bronson continua nos anos 1970, uma década que entregou obras memoráveis. Aqui estão três delas:
Desejo de Matar (1974)
Clássico do “cinema de justiceiro”, é impossível ignorar o impacto desse filme. Paul Kersey, um pacato arquiteto, se transforma em um implacável vingador após a tragédia que abala sua família. O filme foi precursor do gênero ao lado de Dirty Harry. Disponível na Oldflix, YouTube e Amazon.
Lutador de Rua (1975)
Dirigido por Walter Hill, esse é um filmaço sobre a sobrevivência durante a Grande Depressão. Bronson interpreta um desempregado que ganha a vida em lutas clandestinas, enquanto James Coburn, em ótima forma, vive seu agente. Disponível no Max, Apple TV e Amazon.
Telefone (1978)
Um thriller de espionagem à moda antiga, com roteiro engenhoso e um elenco de peso. Bronson é um militar russo caçando um criminoso (Donald Pleasence) que ativa agentes adormecidos com poemas de Robert Frost. A direção do mestre Don Siegel adiciona camadas ao suspense. Disponível na Oldflix.
Rosto marcante, personificação de um tipo de herói sombrio, moldado pela brutalidade do mundo ao seu redor. Charles Bronson teve sua ressurreição e redenção via videocassete.
Bronson teve do Mal de Alzheimer e morreu em consequência de uma pneumonia, em 2003, aos 81 anos. Encontra-se sepultado em Brownsville Cemetery, West Windsor, Condado de Windsor, Vermont nos Estados Unidos.
*Jornalista, crítico de cinema
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