POR RICARDO MARQUES
O desastre do PIX não pode ser atribuído apenas à suposta falha de comunicação do governo. O problema também está nas redes sociais – um território sem lei, onde prevalece o vale-tudo e políticos inescrupulosos mentem a torto e a direito.
Milhões de pessoas, sobretudo trabalhadores simples, ficaram em pânico diante de uma onda de fake news sobre o PIX. Acuado, o governo revogou a medida de fiscalização vigente desde o início do mês, e anunciou que acionará judicialmente os responsáveis. O que se viu foi gravíssimo: um ataque ao sistema tributário do país, com potencial para gerar consequências graves – como no caso da cloroquina, lembram?
Divulgada como eficaz contra a Covid-19, essa mentira fez muitos recusarem a vacina, causando milhares de mortes. Na época, a fake news tinha até respaldo de um estudo científico publicado em uma renomada revista europeia, mas o trabalho era preliminar, com apenas 42 pacientes. Mesmo assim, médicos adotaram o tratamento, e políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro propagaram a ideia como se fosse a cura milagrosa da Covid-19, desmerecendo a gravidade da pandemia.
Depois, um estudo com 30 mil pessoas confirmou que o tratamento era ineficaz. A comunidade médica abandonou a prática, mas o estrago estava feito. O estudo do infectologista francês Didier Raoult foi usado para minimizar a Covid-19 e desviar a atenção da vacinação e da prevenção. Por causa disso, hoje ele está proibido de exercer a medicina. Mas até hoje tem gente que acredita que a cloroquina tem efeito contra a Covid.
Agora, os mesmos políticos que usaram a cloroquina exploraram o PIX, espalhando medo e desinformação para manipular a opinião pública. É difícil conter a mentira. Como disse Mark Twain: “É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas.”
Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
Deixe seu comentário aqui
Comentários
Nenhum comentário foi encontrado, seja o primeiro a comentar!