POR RICARDO MARQUES
O competentíssimo Carlos Henrique Schroder (foto) está de volta à Globo – agora para o Conselho de Administração. Seu retorno acontece em meio a uma daquelas turbulências que costumam tirar o sono dos executivos do Jardim Botânico: a crise de audiência. A emissora, que por décadas reinou absoluta nos lares brasileiros, hoje enfrenta um cenário bem diferente — com concorrência voraz e um público cada vez mais fragmentado.
Lembrei de um episódio dos anos 2000 – durante audioconferência, quando Fernando Sarney, do Grupo Mirante, tentou me emplacar como comentarista de política da TV Mirante – afiliada Globo no Maranhão. Era um projeto ousado, com sotaque local e boas intenções. Mas não passou do papel. Schroder vetou. Direto e firme, disse: “A Globo não permite opinião política nas afiliadas.”
Era uma regra pétrea, quase sagrada. A linha editorial da casa, naquela época, prezava por uma neutralidade inflexível — ou, ao menos, por uma aparência dela.
Hoje, passadas duas décadas, a “Vênus Platinada” parece mais… liberal, digamos assim. O que antes era proibido virou prática comum. Comentaristas locais, colunistas regionais, vozes diversas pipocam nas telas das afiliadas. O discurso da isenção deu lugar a uma pluralidade de opiniões — ou a uma fragmentação de posicionamentos, dependendo do ponto de vista.
Schroder volta a uma Globo diferente daquela que ajudou a moldar. E talvez esse seja o maior desafio: manter a essência enquanto o mundo — e a própria emissora — se transforma.
Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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