POR RICARDO MARQUES
Quase metade da população do Maranhão depende da Tarifa Social de Energia Elétrica. Metade (47,2%). Não é um dado qualquer — é um retrato cruel da pobreza crônica que há décadas marca o estado.
A Tarifa Social existe para aliviar o custo da conta de luz para quem mal consegue comprar comida. É uma ajuda importante, sem dúvida. Mas quando esse tipo de benefício atinge um número tão alto de pessoas, algo está muito errado — e não é com o povo, é com o modelo que se vende como “desenvolvimento”.
Estamos falando de famílias inteiras vivendo com menos de R$ 500 por mês e consomem até 80 kWh/mês, muitas vezes em casas sem reboco, sem saneamento, e agora — ironicamente — com energia subsidiada. Isso é avanço? Isso é política social? Não. Isso é empurrar milhões para um tipo de sobrevivência resignada, onde o máximo que se pode esperar do Estado é um desconto na conta de luz.
O Maranhão tem riqueza natural, cultura vibrante e gente trabalhadora. Mas nada disso se transforma em oportunidades reais. O poder público, de diferentes matizes, prefere administrar a pobreza a enfrentá-la de verdade. Distribuir benefício virou um fim em si mesmo — quando deveria ser apenas um meio emergencial.
É claro que a Tarifa Social precisa existir enquanto houver miséria. Mas o que não dá mais para aceitar é que ela se torne a realidade permanente de metade de um estado. Onde estão os empregos? Onde estão os investimentos em educação básica, em qualificação, em infraestrutura rural e urbana?
O Maranhão não precisa de discursos triunfalistas. Precisa de coragem para admitir que vive uma tragédia social silenciosa — e para mudá-la de verdade. Enquanto isso não acontecer, a luz da Tarifa Social continuará acesa. Mas o futuro, esse segue no escuro.
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