Ricardo Marques

POR RICARDO MARQUES 

A vida é doce — já dizia o genial Federico Fellini em La dolce vita. O poder também é doce. Mas, quando o mel escorre do pote, ah, meu amigo… sobra um gosto amargo na boca dos que se lambuzaram demais.

No Maranhão, os dinistas — outrora donos do picadeiro — agora vagam pelos bastidores como figurantes sem roteiro. Antes, falavam grosso, davam carteirada, ajeitavam o paletó e desfilavam como se fossem herdeiros da República. Hoje, reclamam das luzes apagadas, das câmeras que já não os procuram, dos microfones que agora servem ao “inimigo”. Inimigo que até ontem era amigo — o “casca de bala”, como eles próprios apregoavam.

É comovente, quase uma ópera. Gente que confundiu governo com eternidade, e cargo com direito divino.

Agora choram, soluçam, berram pelos cantos feito bezerros desmanados — carentes da teta do poder, da selfie oficial, do tapinha nas costas…Mas é isso: o poder é doce… até o último gole. Depois, o que sobra é ressaca moral e o silêncio constrangedor dos que, ontem, se achavam imortais.

Fim de festa é sempre assim — as luzes se apagam, o champanhe azeda e o garçom, impiedoso, já recolhe as taças.

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