POR RICARDO MARQUES
O que vemos hoje nas ruas de São Luís é o retrato de um prefeito que prometeu erguer uma casa nova, mas preferiu morar no barraco velho e remendado. Braide se reelegeu anunciando a tal “nova licitação”, aquele mantra luminoso que faria o transporte renascer das cinzas. Pois bem: virou cinza mesmo. E muita.
Em vez de reformar o sistema, o prefeito decidiu repetir a velha coreografia dos antecessores, aquela que ele próprio atacava com convicção de palanque: despejar milhões em subsídios sem exigir a contrapartida de um único parafuso apertado nos ônibus. E agora finge surpresa quando o caos se instala. Surpresa… ou conveniência.
A prefeitura solta nota dizendo que problemas trabalhistas são “coisa do SET”. Uma nota lavada, cínica, dessas que escorrem pelo papel sem tocar a realidade. Como se a população não estivesse espremida no ponto, com parte prejudicada no ENEM. Estudantes perderam prova, trabalhadores perderam dia, e o prefeito perdeu, mais uma vez, a noção de responsabilidade pública.
O SET, por sua vez, aponta o dedo dizendo que a culpa é do atraso de R$ 7 milhões em subsídios. Um empurra daqui, outro empurra dali, e no meio da queda de braços está a cidade inteira, arrastada como quem pega carona num veículo sem freio.
E em meio à confusão, aparece mais um capítulo surreal: o prefeito anuncia que vai enviar recursos ao Tribunal Regional do Trabalho para garantir o pagamento dos rodoviários. Só que o TRT da 16ª Região informou — com clareza cristalina — que não há qualquer amparo legal para receber dinheiro da Prefeitura ou de qualquer ente público para repassar a empresas de ônibus ou quitar salários. Ou seja: a solução milagrosa era só mais um truque de fumaça.
Braide precisava entregar solução, mas entrega silêncio. Precisava cobrar serviço, mas prefere terceirizar culpa. A cidade observa seu prefeito como quem vê um maestro parado, enquanto a orquestra pega fogo e o público tenta sair correndo. Só não tem ônibus para isso.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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