Ricardo Marques

Quando a piada fica velha e perde a graça, tentar contá-la novamente mostra quadro senil preocupante

Publicado 28/11/2020 12:06:02 1 comentário


 

maracutaia 15-08-19

Não poderia ter sido mais humilhante o fim da carreira política do ex-prefeito e deputado cassado por corrução, Paulo Marinho. Depois de muito ameaçar com uma candidatura a vereador, que todos sabiam ser natimorta devido aos critérios da Lei da Ficha Limpa, PM conseguiu fazer o registro no TSE, mas foi considerado inelegível por decisão da juíza eleitoral Marcela Santana Lobo, o que não poderia ser diferente.

Marinho é advogado e sabia da inviabilidade legal da sua candidatura, mas foi pego de surpresa por outro critério adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral que lhe deixou atordoado.

É que nas eleições anteriores, todo candidato considerado inelegível não tinha seus votos computados nos registros de acompanhamento do TSE. Somente após o julgamento das pendências jurídicas desses candidatos, e caso fossem considerados elegíveis, os votos eram então computados. Mas em 2020 esse critério foi alterado e o eleitor conseguiu acompanhar a votação recebida por todos os candidatos, elegíveis ou não.

Foi uma surpresa para alguns incautos caxienses. Finalmente, depois de longos 18 anos afastado das urnas, Paulo Marinho estava de volta e com promessa de ser o vereador mais votado da história do município. A expectativa, e a torcida do próprio, era que sua estrondosa votação seria suficiente para formar uma bancada de vereadores do seu PSDB, o que faria do seu retorno à política um feito triunfal.

Pelas promessas de campanha, Marinho seria um vereador de projeção nacional.

Para que a produção de soja produzida no Matopiba, região do Cerrado que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia passasse por Caxias, o ex-candidato a vereador pretendia fazer uma milionária transposição do rio Parnaíba para o rio Itapecuru. Em Caxias, essa soja chegaria ao Porto Seco do município (outra promessa de campanha) e seria então transportada para o Porto do Itaqui, em São Luís.

As uvas e vinhos produzidos em Caxias, outra promessa de campanha do vereador também seriam vendidos para o Brasil e exportados para o resto do mundo, assim como as maçãs caxienses.

Bom de curtidas no Facebook, o ex-deputado pensou que aquilo seria um indicativo de votos e contentava-se com as centenas de simpáticos cliques na rede social.

Com 517 votos registrados no site do TSE, uma advertência na votação de Marinho informava que sua candidatura estava sub judice e que seu capital político era somente aquele.

O inesperado registro da votação do então todo poderoso do leste pegou PM de calça curta.

Aquela informação não poderia existir e não estava nos seus planos.

Passados alguns dias do pleito, surge a surrada e escalafobética explicação: Marinho teria sido vítima de uma gigantesca fraude na urna eletrônica.

A votação do vereador Catulé, o segundo mais votado do pleito foi colocada em dúvida pelo ex-prefeito e deputado cassado. Estranhamente, PM não deu um pio na votação do primeiro colocado para vereador em Caxias.

Sobrinho do prefeito caxiense, Teódulo Aragão foi poupado das denúncias de Marinho, no que se deduz que seja por conta das visitas que o ex-deputado faz quase diariamente ao prefeito Fábio Gentil em busca de ‘doações’ nada republicanas.

Não é a primeira vez que PM recorre a estratégia de culpar uma suposta fraude na urna eletrônica para justificar seu fracasso eleitoral. Já tinha feito isso em 2004, 2008 e 2012, quando sua esposa e filho tentaram chegar ao Palácio da Cidade e restaram refugados nas urnas. Não o fez em 2016, quando Fábio Gentil sagrou-se vencedor daquelas eleições.

De tão surrada, a conversa fiada em 2020 ganhou alguns ingredientes para se tornar mais palatável.

Ao apontar um suposto inimigo por ter arquitetado a fraude, Marinho ainda recebeu a simpatia dos adeptos de teorias conspiratórias quando o site do TSE sofreu uma paralisação de 3 horas na contagem dos votos de todas as cidades do Brasil devido a centralização da apuração em Brasília.

Até mesmos os ‘técnicos’ de Codó, usados em 2008 para apontar fraude na urna eletrônica em Caxias, foram resgatados e já preparam seus laudos para colocar em dúvida as eleições deste ano no município.

Um desses técnicos da terra do Bita do Barão ficou famoso nacionalmente ao afirmar que mudaria uma eleição presidencial caso ficasse 15 segundos com uma urna. “Poderia me eleger presidente do Brasil”, respondeu ele em memorável reportagem da TV Band em 2008.

Não se tem notícia que a família Marinho tenha tomado alguma providência para tentar preservar a saúde do patriarca do clã.

Jogaram ele a própria sorte.

São insensíveis...

 

 

Deixe seu comentário aqui

Verificação de segurança

Comentários


Lidio Rodrigues

28/11/2020 22:26

Graças a Deus esse nunca mas volta