Ricardo Marques

O jornal O Globo, em sua edição de ontem (24.07), escancara o afastamento do governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), do ex-governador, agora senador licenciado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). Aqui no Maranhão essa notícia é manjada. O afastamento de Brandão e Dino é notório e o distanciamento entre os dois só cresce, feito massa de bolo fermentada — o que exige dos porta-vozes palacianos malabarismos e salamaleques descomunais em suas narrativas falaciosas para tentar negar “o óbvio ululante”, como diria Nelson.

A matéria de O Globo está correta. Exceção ao título que escorrega no contexto histórico político-partidário e eleitoral do Maranhão, quando diz que “Brandão flerta com os Sarney”. Nada a ver! Brandão não flerta com os Sarney coisa nenhuma, o governador nasceu em berço sarneysista. A família Brandão fez carreira política e amealhou fortuna à sombra da “oligarquia” — como os comunistas costumavam se referir à família que comandou um ciclo oligárquico de cinco décadas no Maranhão. No organograma da oligarquia, os Brandão sempre foram uma força coadjuvante, sem muita expressividade, até. A ascensão se deu graças ao Flávio Dino que catapultou o vice apagado e sem carisma pessoal. Agora que está abancado de vez no Palácio dos Leões, é até natural que Carlos Brandão reacomode a sarneyzada nas entranhas do poder.

Difícil saber o que passou pela cabeça de Flávio Dino quando rasgou a carta-compromisso firmada com a base do governo dele para a escolha do candidato governista à sua sucessão, optando por escolher o nome de seu então vice, Carlos Brandão, impondo um terrível retrocesso político-administrativo para o Maranhão.

O fato é que, se o nosso comunista tupiniquim pensou que ia fazer um giro, acabou fazendo foi um jirau.