A carga do material escolar não deve ultrapassar 15% do peso corporal do aluno
O peso excessivo do material escolar e a forma como ele é transportado podem afetar a saúde e o bem-estar dos estudantes, contribuindo para problemas posturais e dores nas costas. Esses problemas são especialmente importantes durante a fase de crescimento, quando o sistema músculo-esquelético das crianças e adolescentes está em desenvolvimento.
Mariana Portela Vially, mãe de João Pedro, um aluno de 11 anos em uma escola particular de São Luís, expressa suas preocupações: “Nos últimos meses, João começou a reclamar frequentemente de dores nas costas. Ele estuda em uma escola que oferece um programa de tempo integral, com isso, precisarei passar o dia inteiro na escola. Foi quando percebi que a mochila dele estava cada vez mais pesada e comecei a me preocupar,” relata Mariana.
Após levar João ao médico, foi identificado que o peso excessivo estava causando problemas posturais. Mariana acrescenta: “A grande questão é que a escola não parece ter um planejamento exato para amenizar o peso na mochila. Não há uma estratégia clara para distribuir o material ao longo da semana ou garantir que as crianças não precisem carregar livros e cadernos desnecessários todos os dias.”
A professora Sulamizia Costa, do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Estácio São Luís, alerta sobre os riscos: “O peso excessivo e a má distribuição do material escolar podem levar a problemas como escoliose, hiperlordose e hipercifose.” A escoliose é o desvio lateral da coluna, a hiperlordose é o aumento da curvatura lombar e a hipercifose é o aumento da curvatura dorsal. Um estudo realizado com mais de 800 escolares em São Paulo confirmou que o desvio mais comum entre crianças e adolescentes é a atitude escoliótica, seguido de hiperlordose lombar e hipercifose dorsal.
O peso da mochila encontra respaldo até mesmo na legislação. A Lei nº 66 de 2012 estabelece que a carga do material escolar não deve ultrapassar 15% do peso corporal do aluno, com o ideal de 10%. A lei também sugere campanhas educativas e a instalação de armários nas escolas para os alunos. “O uso de armários ajuda a reduzir o peso que as crianças precisam levar para a escola e carregar de volta para casa, o que pode aliviar os problemas posturais,” explica a professora Costa.
A fisioterapeuta também recomenda que as mochilas sejam carregadas na altura do dorso, com ambas as alças ajustadas corretamente. “Alças folgadas podem causar sobrecarga e problemas posturais adicionais,” alerta. Além disso, para prevenir dores associadas ao uso de mochilas pesadas, a prática de exercícios de flexibilidade, resistência e força muscular é altamente recomendada. “Medidas educativas e práticas preventivas são essenciais para ensinar os alunos sobre posturas adequadas. Crianças que participam de atividades educativas tendem a ter menos problemas posturais,” conclui a professora.
A escolha adequada da mochila e a adoção de práticas preventivas são fundamentais para proteger a saúde postural dos estudantes e garantir seu bem-estar durante a fase de crescimento. “Com a implementação de estratégias e a colaboração entre escolas e famílias, é possível minimizar os riscos associados ao transporte de material escolar pesado e promover um ambiente mais saudável para os alunos”, conclui a profissional.
Fonte: Ascom - Jherry Dell'Marh - Cores Comunicação
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