POR RICARDO MARQUES
O Maranhão vive um cenário político tumultuado com uma série de ações judiciais protocoladas pelo partido Solidariedade, contando com apoio de outras siglas do campo progressista na figura de “amicus curiae”. As ações, moral e eticamente justificáveis, miram práticas de nepotismo no Executivo estadual, incluindo o polêmico nepotismo cruzado envolvendo o Legislativo e o Tribunal de Contas do Estado. Um exemplo marcante é a nomeação de um sobrinho do governador Carlos Brandão para cargo vitalício no TCE, aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa, mesmo com parlamentares dos partidos hoje insurgentes.
O que chama atenção é o contexto político: apesar da ausência de afinidade ideológica, esses partidos apoiaram Brandão nas eleições, e depois silenciaram sobre nomeações claramente nepóticas. Agora, passados 2 anos de governo, as querelas judiciais parecem ser parte de uma disputa por poder na sucessão estadual. Brandão, ao que tudo indica, não estaria disposto a cumprir o acordo que o levaria a renunciar ao mandato em 2026, abrindo espaço para seu vice, Felipe Camarão, assumir e comandar a própria sucessão.
Esse movimento de Brandão, que eu chamo de “Zéreinaldear” – referência ao ex-governador Zé Reinaldo Tavares, que rompeu acordos políticos em 2006, quando ficou até o final do mandato, e foi fundamental para a eleição do pedetista Jackson Lago –, pode mudar o tabuleiro político maranhense e afetar até a reeleição do presidente Lula. Por isso, o Planalto acompanha de perto e atua nos bastidores para evitar rupturas dentro da base progressista no estado.
O desfecho desse embate pode redefinir o futuro político do Maranhão e seus reflexos nacionais.
Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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