Ricardo Marques

POR RICARDO MARQUES 

A alta persistente no preço dos alimentos expõe um governo que parece perdido diante dos desafios da economia. Lula demonstra preocupação com o impacto da inflação na popularidade, mas suas ações indicam mais improviso do que planejamento. A cobrança feita aos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para "estudar" medidas soa como um pedido desesperado, sem qualquer sinal de estratégia sólida.

Enquanto o governo tenta fugir da sombra do Plano Cruzado e dos “fiscais do Sarney” – exemplos clássicos de fracasso no combate à inflação –, parece ignorar que a insegurança econômica já corrói a confiança popular. Dados recentes mostram que alimentos e bebidas tiveram alta de 7,69% em 2024, liderando os aumentos.

O mesmo cenário de inflação global, exacerbado pela pandemia e pela Guerra da Ucrânia, já custou caro a outros líderes, como Joe Biden, nos Estados Unidos, e Rishi Sunak, no Reino Unido. No Brasil, a memória das filas para comprar ossos durante o governo Bolsonaro ainda é um alerta vivo sobre o peso da carestia na popularidade de qualquer gestão.

Ainda assim, o governo patina. Propostas de regulamentação de vales refeição e alimentação, defendidas por Fernando Haddad, ou sugestões vagas da Abras – Associação Brasileira de Supermercados – mencionadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, são pouco mais que paliativos. A ausência de uma política econômica clara reflete um governo mais preocupado com discursos do que com ações concretas.

Enquanto Lula tenta se desvencilhar de erros do passado, o que se vê é a repetição de velhos dilemas: promessas vazias, ministros sem direção e uma população que continua pagando o preço da incompetência.

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