Ricardo Marques

POR RICARDO MARQUES 

Amigos internautas,

No poema O Outono, Albert Camus fala de vida e morte:

“O verdadeiro terror da existência não está na morte, mas no medo implacável da vida.

É o pavor de acordar dia após dia apenas para encarar as mesmas batalhas, as mesmas desilusões, a mesma dor incessante.

É o medo de que nada jamais mude, de estar preso em um ciclo interminável de sofrimento, sem fuga à vista. E, dentro desse medo, há um desespero profundo, um grito silencioso por algo, qualquer coisa, que possa romper a monotonia, que possa injetar sentido na repetição exaustiva dos dias.

Esse é o horror mais cruel: não o fim, mas a eternidade de uma existência vazia.”

Ao completar mais um ano de vida, sei que minha vida não foi vazia. Fiz tudo o que quis fazer. Fui tudo o que quis ser.

Às vezes, me pego imaginando quem eu poderia ter sido em uma vida passada. Penso que tenha sido uma pessoa boa para merecer tantas bênçãos neste meu encarne atual: por ter o privilégio de nascer em uma família boa, por ter dois irmãos incríveis; por ter conhecido e me apaixonado por uma grande mulher – nascida em uma família com um incrível senso de união; por ter sido escolhido para ser o pai de dois seres diferenciados; por ter cruzado meu caminho com o de milhares de pessoas do bem. Sei que não sou merecedor de tantas bênçãos e não acredito em sorte, coincidência ou coisa do tipo.... Daí eu achar que sejam recompensas de uma vida passada.

Talvez eu morra ao tentar cruzar a rua ou ao dobrar a esquina, quem sabe? Já vivi o suficiente para amar tantas vezes que perdi a conta. E toda vez que falei “eu te amo”, fui sincero, ainda que algumas vezes eu possa ter estado equivocado.

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