A morte de Aurá passou praticamente despercebida. Mesmo a imprensa, quase nada noticiou. Aurá é o último sobrevivente de um povo indígena desconhecido do Maranhão. Não é apenas o fim de uma vida, mas o retrato cruel do abandono histórico dos povos originários no Brasil.
Assim como Tanaru, em Rondônia — o último sobrevivente de seu povo, exterminado por ataques de fazendeiros e madeireiros, na década de 90 —, Aurá resistiu sozinho, isolado, até o último suspiro. É simbólico e trágico: povos inteiros desaparecem diante da omissão do Estado, da invasão de terras, do desmatamento e da violência.
No Maranhão, comunidades indígenas e quilombolas vivem sob ameaça constante — sem saúde de qualidade, sem segurança alimentar e sem políticas públicas efetivas. O mesmo estado que ostenta discursos de diversidade cultural assiste, inerte, ao desaparecimento de línguas, costumes e histórias milenares.
A morte de Aurá é um grito de alerta que insiste em ecoar: / quantos mais terão de desaparecer para que a proteção dos povos tradicionais saia do papel e vire realidade? O que está em jogo não é apenas a vida de indivíduos, mas a memória, a dignidade e a riqueza cultural do Brasil.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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