
Carlos Henrique, vendedor de uma movimentada loja de departamentos na Rua Grande, em São Luís, sempre teve uma arma secreta para encarar a maratona de clientes e prateleiras: café, muito café. “Cheguei a tomar sozinho duas garrafas por dia. Me sentia o próprio Flash depois da terceira xícara”, diverte-se. Mas o superpoder tinha efeitos colaterais. “À noite, em vez de dormir, eu quase dava um show de samba com o coração acelerado”, conta, rindo do próprio excesso.
Depois de noites em claro e palpitações nada heróicas, Carlos decidiu que era hora de repensar a estratégia. Sob orientação médica, passou a mesclar café com chás ricos em cafeína, como o verde e o mate. “Agora o chá me dá energia, mas com um toque zen. É como se eu tivesse trocado a bateria de foguete por uma de carro elétrico: contínuo ligado, só que de forma mais suave”, compara.
A mudança de Carlos é um exemplo de como a cafeína pode ser encontrada em diversos outros produtos. A nutricionista Amanda Nunes, do Grupo Mateus, explica que a substância está presente em chás (preto, verde, mate, branco), no chocolate, no cacau, em energéticos e até em suplementos termogênicos ou de pré-treino. “No corpo, a cafeína bloqueia os receptores de adenosina, que causam sonolência, e estimula o sistema nervoso central. Resultado: você fica mais alerta, focado, aumenta a energia e até melhora o desempenho físico”, explica.
Ela destaca que cada fonte de cafeína age de um jeito. “Nos chás, a presença de L-teanina equilibra o efeito, trazendo mais concentração e menos ansiedade. O chocolate tem pouca cafeína, mas conta com teobromina, um estimulante mais suave. Já suplementos e energéticos têm doses concentradas e de rápida absorção, provocando um estímulo mais intenso que o café”, detalha.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a FDA, o consumo seguro de cafeína para adultos saudáveis é de até 400 mg por dia, o equivalente a cerca de quatro a cinco xícaras de café coado. Para adolescentes, o limite seguro é de 2,5 mg por quilo de peso corporal. “Uma única xícara de café tem, em média, 80 mg de cafeína”, lembra Amanda.
O alerta também vale para os jovens brasileiros: um estudo da Scanntech, publicado pelo Jornal da USP, mostrou que as vendas de energéticos cresceram 15% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior. “Essas bebidas concentram altas doses de cafeína e outros estimulantes, o que aumenta o risco de ansiedade, insônia, palpitações e dependência”, ressalta a nutricionista.
Amanda reforça que, para aproveitar os benefícios sem prejudicar a saúde, o ideal é manter a ingestão em até 400 mg de cafeína por dia e variar as fontes de ingestão do produto. Carlos, que hoje divide o expediente entre café e chá, resume a lição com bom humor: “Aprendi que dá para continuar ligado sem parecer que tomei um choque de alta tensão. Agora sou um super-herói com energia equilibrada”, brinca.
Fonte: Jherry Dell'Marh - Cores Comunicação
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