POR RICARDO MARQUES
Em Bom Jardim, no Maranhão, a ironia é cruel. De “bom”, só o nome. Porque ali, onde o Fundeb despejou mais de 650 milhões em 13 anos, o que brotou não foi ensino — foi ruína. O Fantástico da TV Globo mostrou crianças aprendendo o alfabeto em igrejas, casas de barro, e até ao lado de fornos de farinha. O giz disputa espaço com a fuligem. É a educação tostando no fogo da vergonha.
Escolas sem banheiro, sem parede, sem água. Professores viram heróis por puro instinto, remando contra a maré da omissão. Enquanto isso, os prédios de alvenaria apodrecem — monumentos ao cinismo. O retrato é o de um município que virou sucata moral. Dos últimos cinco prefeitos, quatro foram condenados por surrupiarem o dinheiro público.É a pedagogia do roubo: o aluno aprende cedo que quem rouba se dá bem e quem estuda… fica esperando o ônibus que não vem.
E Bom Jardim não é exceção. No início do mês, o deputado Wellington do Curso denunciou a situação da Escola Gonçalves Dias, no povoado Curumatá, em Timbiras. Outro cenário de miséria educacional, onde o abandono virou paisagem e a vergonha, rotina. O Ministério Público chama de “cultura de corrupção”. Mas sejamos francos: isso tem outro nome — traição. Porque quando se rouba da escola, não se leva só o dinheiro. Leva-se o futuro, o sonho, a decência.
Em Bom Jardim — e em tantos municípios esquecidos — as crianças ainda sonham com o básico: uma escola de verdade, com parede, cadeira e dignidade. Até quando assistiremos esse enredo desavergonhado?
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
 
 
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