POR RICARDO MARQUES
Ricardo Cappelli — o intrépido presidente da ABDI — Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial — descobriu, como tantos iluminados da burocracia brasileira, que órgãos públicos vêm com um brinde oculto: refletores. Vejam este caso, revelado pelo Jornal da Record e repercutido no Maranhão pelo Blog Marrapá. A ABDI, que foi criada para pensar indústria, inovação… virou praticamente um ring light institucional. Tudo muito moderno: o Estado como cenário, o contribuinte como figurante e Cappelli como protagonista de um filme que ninguém pediu para ver — a pré-campanha natimorta ao governo do DF.
O desperdício é quase poético: a agência deveria impulsionar a indústria nacional, mas está ocupada impulsionando… o próprio Cappelli. É a velha reinvenção da roda do patrimonialismo — só que com logo, slogan e equipe de comunicação — tudo pago com dinheiro público, claro.
E é engraçado, porque o histórico do moço é tão consistente que até parece coerência ideológica. Cappelli nunca deu um dia de serviço numa empresa privada e entende de indústria tanto quanto eu de astrofísica. Quando era secretário de Comunicação no Maranhão, tratava a imprensa como quem cuida de um jardim de plástico: não regava, só arrancava. Cabeças de jornalistas eram cobradas como quem pede pizza: “troca esse, demite aquele”.
Outro dia ele foi passear na China. Voltou encantado com o paraíso do jornalismo que não pergunta, não reclama, não atrapalha. A imprensa perfeita! Um sonho autoritário embalado em seda. Uma “república comunossocialista”, com jornalistas amordaçados ou dizendo amém, nos moldes daquela que a turma dinista tentou emplacar aqui no Maranhão.
No fim, Cappelli quer ser governador, mas até agora sua candidatura parece um daqueles fogos que falham na hora: acende, faz barulho… e morre antes de subir.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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