Ricardo Marques

POR RICARDO MARQUES 

O que está acontecendo em São Luís não é política — é teatro de quinta categoria. De um lado, a Câmara Municipal, farejando a chance de abrir um processo de cassação. Do outro, Eduardo Braide, o prefeito, fazendo aquilo que ele faz como ninguém: posar de vítima iluminada, como se fosse o último guardião da moralidade numa cidade que ele insiste em tratar como plateia boba.

A história é simples: uma decisão judicial manda reajustar o salário do prefeito de R$ 25 mil para R$ 38 mil. Esse aumento — goste-se ou não — destrava o piso de um monte de servidor, os barnabés que carregam a máquina pública nas costas. Mas Braide, esperto como raposa velha, finge que o problema é outro: diz nas redes sociais que os vereadores querem cassá-lo porque ele “não aceita ganhar igual ao prefeito de São Paulo”. Ah…, Seu Braide! Isso não é argumento — é espuma. É fumaça. É cortina pra quem prefere confundir do que governar.

A verdade é bem menos heroica e muito mais prosaica: Braide está de olho é no impacto na folha. // Só que, em vez de encarar o debate, e dizer a verdade, prefere o truque de sempre — aquele velho número de quem se faz de manso, quietinho, calculado… para depois surpreender todo mundo com a esperteza de quem jura que ninguém o vê chegando.

Eduardo Braide age como se o povo fosse um bando de incautos que não entende o jogo. E o jogo é esse: ele não quer o aumento porque não quer assumir o efeito cascata. Ponto. O resto é encenação. É lorota. Conversa pra boi dormir.

E agora, com a Câmara afiando as lâminas, Braide tenta se vender como mártir da responsabilidade fiscal. Mas mártir, convenhamos, ele nunca foi. No máximo, é um ator tentando convencer uma plateia cansada de truques ruins.

Essa disputa não é sobre salário — é sobre transparência, coragem política… e sobre quem vai parar de subestimar o cidadão antes que o enredo azede de vez.

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