POR RICARDO MARQUES
A Praia do Olho d’Água virou um aquário de bactérias. Um verdadeiro parque temático da sujeira. E não sou eu que digo — é a Thalassas, uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo. Lá está: contaminação 22 mil vezes acima do limite. Vinte e duas mil! É quase uma obra de ficção científica, mas feita com esgoto real.
E aí você pensa: “Ah, deve ser só a água”. Não. A areia também está contaminada. A água entre os grãos, pior ainda. Até o vento ali parece suspeito. Mas seguimos com as plaquinhas oficiais que dizem “própria para banho”, como se fossem convites para um mergulho no desastre.
Sabe por quê? Porque São Luís, capital brasileira em pleno século 21, ainda trata saneamento básico como luxo. A coleta de esgoto mal chega à metade da população. E o que é coletado… ah, isso é quase poético: menos de 20% é tratado. O resto desce alegremente pelas tubulações improvisadas e desemboca no mar, como se o oceano fosse lixeira.
E todo ano é a mesma cena: manchas escuras, mau cheiro, água turva…. Todo mundo vê, todo mundo grava, viraliza… e nada muda. Enquanto isso, crianças brincam na areia como se estivessem em perigo invisível — porque estão.
A Praia do Olho d’Água não é “problema ambiental”. É a prova viva de que estamos afogados não em água do mar, mas em incompetência. No fim das contas, o banho mais perigoso não é o de mar. É o banho de realidade que a cidade insiste em ignorar.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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