POR RICARDO MARQUES
Há algo de profundamente doente na política brasileira quando personagens marcados por denúncias graves reaparecem como se nada tivesse acontecido. É o eterno déjà-vu da impunidade. No Maranhão, o caso Jobert — ou Jowbert — Alves é mais um retrato desse país onde a memória institucional sofre de amnésia seletiva.
Um ex-secretário exonerado após suspeitas de retirada noturna de bens públicos, barcos sem registro, contratos milionários sem entrega e um inquérito civil ainda em curso… reaparece agora em um cargo estratégico para o Maranhão, em Brasília. Como se o passado fosse um detalhe irrelevante. Como se o Estado fosse um palco onde atores entram e saem sem prestar contas ao público que paga o ingresso.
Mais grave: paira a suspeita de acúmulo irregular de cargos, dividindo-se entre o governo estadual e o federal. Brasília e São Luís ao mesmo tempo, como se a legalidade fosse elástica, moldável à conveniência do poder. E, no meio disso tudo, municípios reclamando de conduta incompatível com o serviço público.
Não se trata de condenar sem julgamento. Trata-se de perguntar: onde está o zelo? Onde está o pudor administrativo? Onde está o respeito ao cidadão?
Quando denúncias viram rodapé e suspeitos viram nomeados, o escândalo deixa de ser exceção e passa a ser método.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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