POR RICARDO MARQUES
São Luís vive aquele velho drama tropical onde a lei é clara, mas a prática é nebulosa. Esta semana, o vereador Marquinhos subiu à tribuna indignado — e com razão — para lembrar ao prefeito Eduardo Braide que emenda parlamentar não é favor, é obrigação legal. Está escrito na Lei Orgânica, não em guardanapo de boteco.
O curioso é que Braide, quando deputado estadual, virou paladino da moralidade administrativa. Bateu às portas da Justiça exigindo a liberação das próprias emendas, brandindo a Constituição como espada. Hoje, sentado na cadeira mais alta do Palácio La Ravardière, parece sofrer de amnésia seletiva. A memória, como se sabe, é muito sensível à mudança de cargo.
As emendas de Marquinhos, destinadas a ações sociais e culturais, ficaram pelo caminho em 2025. Cultura e ação social, convenhamos, nunca foram prioridades de governos que preferem o asfalto visível à dignidade invisível. A cidade vira vitrine, mas o bastidor apodrece.
A pergunta que fica não é jurídica, é moral: A lei serve só quando convém? Se for assim, não estamos falando de gestão, mas de esperteza institucionalizada.
Cabe agora à Câmara decidir se será figurante ou protagonista. Porque democracia não é silêncio elegante. É confronto responsável.
Veja o comentário em vídeo (aqui)
Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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