POR RICARDO MARQUES
O Natal costuma ser embalado por clichês de bondade instantânea e consumo disfarçado de afeto. Mas, na essência cristã, essa data é um paradoxo profundo: o nascimento do Cristo não foi triunfal, e sim humilde — a eternidade escolhendo uma manjedoura. É o divino assumindo o limite humano, lembrando-nos de que a verdadeira luz não brilha para ofuscar, mas para revelar.
Penso em Prometeu, na mitologia grega, que roubou o fogo dos deuses para oferecê-lo aos homens, simbolizando conhecimento e consciência. De certo modo, o Natal ecoa essa entrega: não uma rebelião contra o sagrado, mas a doação do próprio sagrado à humanidade. O menino de Belém é o fogo que aquece sem consumir, que ilumina sem cegar.
O Natal, portanto, não é apenas memória de um nascimento, mas convite recorrente à transformação interior: abrir espaço em nossas “manjedouras” íntimas para que o amor, a compaixão e a esperança se encarnem em gestos concretos. Somente assim rompemos a superfície da data e alcançamos seu âmago transcendente.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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