Ricardo Marques

Quando o Supremo desce ao balcão

Por: O comentário do dia de Ricardo Marques | Publicado: 23/12/2025 11:18 - Atualizado em 23/12/2025 11:59 - 0 comentário


Compartilhe:


POR RICARDO MARQUES 

Desde ontem o Brasil está com aquela sensação estranha de déjà-vu institucional. Segundo reportagens amplamente divulgadas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teria batido à porta do Banco Central não para falar de jurisprudência, mas de banco — banco com B maiúsculo, cifras bilionárias e um empresário algemado há pouco tempo. Tudo, claro, segundo relatos, segundo fontes, segundo a imprensa. Mas, convenhamos, no Brasil o “segundo” costuma ser sempre o primeiro sinal de alerta.

Dizem que houve telefonemas, encontros, afagos verbais, uma tentativa de salvar o paciente financeiro na UTI. O problema é que, quando a toga conversa demais com o cofre, a República começa a tossir. Não é ilegal perguntar, mas é indecoroso insistir. E não é crime ter amigos; crime é confundir amizade com função.

No meio disso tudo, surgem contratos milionários, tornozeleiras eletrônicas, operações com nomes de filme ruim e um silêncio institucional ensurdecedor. O Supremo, que deveria ser o último degrau da confiança pública, acaba escorregando na própria sombra.

Talvez nada reste provado. Talvez tudo se explique. Mas a dúvida — ah, essa já foi contratada sem licitação.

Veja o comentário em vídeo (aqui)

Moraes nega ter tratado do Banco Master em reuniões com presidente do BC

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou, em nota divulgada nesta terça-feira (23), que as reuniões mantidas com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, trataram exclusivamente das implicações da aplicação da Lei Magnitsky, adotada pelos Estados Unidos, e não do caso envolvendo o Banco Master.

A manifestação foi divulgada após reportagem da colunista Malu Gaspar, em O GLOBO, apontar que Moraes teria procurado Galípolo diversas vezes para discutir a venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB), operação que acabou rejeitada pelo Banco Central por falta de viabilidade econômico-financeira.

A coluna de Malu Gaspar aponta que os contatos entre o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, teriam ocorrido no contexto de um contrato firmado entre o Banco Master e o escritório de advocacia da esposa do magistrado, Viviane Barci de Moraes, avaliado em cerca de R$ 130 milhões até 2027.

Segundo a reportagem, o escritório atuaria na representação do banco e de seu controlador, Daniel Vorcaro, junto a órgãos como Banco Central, Receita Federal, Cade e Congresso. A coluna afirma ainda que Moraes teria defendido decisões favoráveis ao Banco Master, condicionando a aprovação da operação ao não reconhecimento de fraudes.

A nota do ministro:

“O ministro Alexandre de Moraes esclarece que, em virtude da aplicação da Lei Magnitsky, recebeu para reuniões o presidente do Banco Central, a presidente do Banco do Brasil, o presidente e o vice-presidente jurídico do Banco Itaú.

Além disso, participou de reunião conjunta com os presidentes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, da Febraban, do BTG e os vice-presidentes do Bradesco e Itaú.

 

Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito”.

Banco Central confirma reuniões

Após a divulgação do posicionamento do ministro, o Banco Central também se manifestou, confirmando os encontros, mas sem mencionar o Banco Master.

“O BC confirma que manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”, informou a instituição.



Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques

Deixe seu comentário aqui

Verificação de segurança

Comentários


Nenhum comentário foi encontrado, seja o primeiro a comentar!