Ricardo Marques

O que é a evolução histórica do Autismo

Por: Opinião | Publicado: 06/04/2024 07:50 - Atualizado em 06/04/2024 07:55 - 0 comentário


Compartilhe:


POR RUY PALHANO 

Estamos no mês de abril onde o dia 02 é alusivo ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data singular e altamente importante do ponto de vista histórico, médico e psicossocial no calendário das datas alusivas à saúde. A data, entre outras coisas, nos chama a atenção para o Autismo, que é na atualidade um dos mais importantes problemas médicos, psiquiátricos e comportamentais provocados, formalmente, por alterações do neurodesenvolvimento de crianças.

Do ponto de vista da prevalência do Transtorno do Espectro Autista - TEA, é essencial que tais dados estejam atualizados, pois eles variam ao longo do tempo devido a mudanças nos critérios diagnósticos, maior conscientização de todos sobre o assunto e melhor acesso a serviços de saúde.

Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia estimado que cerca de 1 em cada 160 crianças em todo o mundo eram portadores do TEA. Essa taxa de prevalência sugere que o autismo é um transtorno significativo em nível global, afetando milhões de indivíduos e suas famílias. No entanto, como dissemos acima, é importante notar que as taxas de prevalência podem variar significativamente entre diferentes regiões e países, devido a diferenças nos critérios diagnósticos, na conscientização e na disponibilidade de serviços. Há estudos que mostram que há 1 criança autista para cada 36outras crianças.

Para a Organização das Nações Unidas - ONU, acredita-se que haja mais de 70 milhões de pessoas com autismo no globo, afetando de diferentes formas e níveis de gravidade a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem socialmente. A incidência em meninos é maior, tendo uma relação de 4 meninos para 1 menina com autismo.

A partir de 2020, houve um salto gigantesco na prevalência de casos de TEA passando-se a ser estimado 01 caso do TEA para cada 36 crianças. As estatísticas são do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) órgão da saúde dos EUA que trata destas questões e ele atualizou recentemente tais dados. Nesta perspectiva, pergunta-se: que fatores podem estar contribuindo para este crescimento epidemiológico do TEA?

1 - Maior acesso da população aos serviços de diagnóstico; 2 - Formação de profissionais capazes de detectar o transtorno; 3 - Pais, professores e pediatras mais informados para levantar as primeiras suspeitas; 4 - Ampliação da compreensão do que é autismo; 5 - Possíveis fatores ambientais que colaboram para a maior frequência de TEA. Acredita-se que tais fatores associados possam colaborar para a expansões desta situação entre nós.

Em nosso país, dados específicos sobre a prevalência do TEA são precários. Pois raros estudos e pesquisas são desenvolvidas neste sentido para nos conceder uma visão geral, uma estimativa nacional abrangente sobre esta condição. Em anos recentes, esforços têm sido feitos para melhorar o reconhecimento e o registro de casos de TEA no país, o que poderia ajudar a fornecer dados mais precisos.

A evolução histórica do autismo passou por diversas fases, refletindo mudanças na compreensão médica e social desta condição ao longo do tempo. Por exemplo, no início do Século XX, antes do autismo ser oficialmente reconhecido, indivíduos com características autistas muitas vezes eram classificados sob outras categorias, como esquizofrenia ou deficiência mental.

Nos anos de 1940, o termo "autismo" foi introduzido por Leo Kanner (13/06/ 1894 e 3/04/ 1981) foi um psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos que em1943 descreveu um grupo de crianças com características de comportamento social único, que ele chamou de "distúrbios autísticos do contato afetivo". No mesmo período, Hans Asperger descreveu um padrão de comportamento similar em crianças que exibiam habilidades sociais e de comunicação deficientes, mas que apresentavam habilidades de linguagem e cognitivas normais ou acima da média, o que mais tarde seria conhecido como Síndrome de Asperger.

Nas décadas de 1960 e 1970, havia uma forte crença de que práticas parentais inadequadas eram a causa do autismo. Esta teoria foi eventualmente desacreditada por pesquisas subsequentes. Na década de 1980 o autismo fora classificado como um distúrbio do desenvolvimento distinto sendo formalmente inserido no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). A Síndrome de Asperger também foi reconhecida como uma forma de autismo.

Na década de 1990, o espectro autista passou a ser mais amplamente reconhecido, refletindo a compreensão de que existem várias manifestações de autismo, que variam em gravidade. Isso ajudou a incluir uma gama mais ampla de indivíduos sob o diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista), proporcionando-lhes o acesso a tratamentos e serviços adequados.

No século XXI, houve por assim dizer um aumento no reconhecimento da importância do diagnóstico precoce e da intervenção para tratar desta condição. A pesquisa se expandiu significativamente, abordando causas genéticas, neurobiológicas e ambientais do autismo. Além disso, tem havido um movimento crescente em direção à aceitação social e à neurodiversidade, com muitos defendendo a ideia de que o autismo não deve ser visto apenas como um distúrbio a ser curado, mas como uma diferença a ser compreendida e aceita.

Atualmente, a pesquisa continua a evoluir, com um foco crescente na identificação de subtipos de autismo e na personalização de tratamentos. A comunidade autista e seus aliados têm se empenhado em promover a conscientização, a inclusão e a aceitação social dos indivíduos no espectro.

Esta evolução histórica mostra como a compreensão do autismo mudou de uma visão estigmatizante para uma abordagem mais inclusiva e baseada em evidências. À medida que a pesquisa avança, espera-se que a sociedade continue a adaptar suas percepções e tratamentos para melhor apoiar indivíduos no espectro autista.

Por tudo isto, sobretudo pelos avanços farmacológicos do tratamento de alguns sintomas deste transtorno, entre estes, agitação psicomotora, automutilação, auto e heteroagressividade e comportamento desorganizado, bem como intervenções psicoterápicas mais avançadas somadas a técnicas de reabilitação grupais realizadas por equipe interprofissionais as perspectivas na reabilitação do TEA tem evoluído muito.

*Médico Psiquiatra, Escritor, Membro Efetivo da Academia Caxiense de Letras (ACL) e Dr. Honoris Causa pela Emil Brunner World Universit -EBWU. Flórida - EUA



Fonte: Opinião

Deixe seu comentário aqui

Verificação de segurança

Comentários


Nenhum comentário foi encontrado, seja o primeiro a comentar!