POR RICARDO MARQUES
Vejam essa: o PCdoB — aquele mesmo que até ontem fazia juras de fidelidade aos atuais inquilinos do Palácio dos Leões — resolveu descobrir que Daniel Brandão talvez não preenchesse os requisitos para ser conselheiro do Tribunal de Contas. Que súbita epifania! Será que o brilho do poder, quando se apaga, ilumina a consciência? Ou será o moralismo tardio da política maranhense?
Na época da votação, os deputados comunistas — e toda a turma do campo dinista — aplaudiram a indicação, sorriram para as câmeras, carimbaram o nome do sobrinho do governador… e foram almoçar tranquilos. Dos 42 deputados que fazem a Assembleia, 41 disseram “amém” à indicação de Daniel — teve apenas uma abstenção, e ainda assim silenciosa. Nenhum grito, nenhuma nota, nenhum discurso indignado sobre “moralidade pública”. Agora, com os cargos perdidos e as portas do governo fechadas, a pureza revolucionária reaparece — mas com data vencida.
Querem afastar o presidente do TCE com o argumento de que ele não tinha experiência profissional mínima exigida pela Constituição. Ué, mas justo agora? Depois de terem sido cúmplices do processo? É o velho jogo do “vale tudo” pelo poder, onde o princípio é o mesmo de sempre: o inimigo de hoje é o aliado de ontem. A coerência política, essa, sim, continua ausente — sem tempo de serviço, sem registro, sem credencial.
Ironia das ironias: o PCdoB tenta se vestir de guardião da ética pública depois de ter assinado a certidão de nascimento do problema que agora denuncia. Moralismo de ocasião é como maquiagem em ferida aberta — disfarça, mas não cura.
Veja o comentário em vídeo (aqui)
Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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