POR RICARDO MARQUES
A operação da Polícia Federal no gabinete do desembargador Jamil Gedeon, nesta quarta-feira, acendeu um alerta grave no sistema de Justiça do Maranhão. A ação foi determinada pelo Conselho Nacional de Justiça, dentro das investigações que apuram fraudes no cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis e Notas de Caxias, comandado pelo tabelião Aurino da Rocha Luz.
As medidas incluíram busca e apreensão no gabinete e o afastamento imediato de três servidores — todos acusados de manter tratativas privadas com o tabelião, que já responde a uma série de procedimentos administrativos e criminais.
O CNJ, aliás, abriu esta semana um processo disciplinar contra Aurino. As acusações são pesadas: falsificação de documentos, superfaturamento de serviços e um esquema que, segundo o conselheiro Mauro Campbell, teria “extrema gravidade e continuidade”, destinado a beneficiar a empresa da própria família do delegatário. Um desvio que fere diretamente a credibilidade da função cartorária.
Os números ajudam a dimensionar o cenário: só no ano passado, o cartório arrecadou mais de R$ 7 milhões em taxas da população; no primeiro semestre deste ano, mais de R$ 2 milhões. Agora está oficialmente sob intervenção do CNJ. Esse escândalo veio à tona após investigações da SECCOR — a Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção —, órgão especializado no combate a fraudes, desvios de recursos públicos e crimes praticados por agentes públicos e organizações criminosas.
O fato de a investigação alcançar um gabinete do Tribunal de Justiça não significa culpa antecipada — mas reforça a urgência de transparência e rigor. Quando a confiança da sociedade na Justiça é colocada à prova, cada passo precisa ser claro, firme e responsável.
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Fonte: O comentário do dia de Ricardo Marques
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